“Sou feito da inteira evolução da Terra; sou um microcosmo do macrocosmo. Nada há no universo que não esteja em mim. O inteiro universo está encapsulado em mim, como uma árvore numa semente. Nada há ali fora no universo que não esteja aqui, em mim. Terra, ar, fogo, água, tempo, espaço, luz, história, evolução e consciência – tudo está em mim. No primeiro instante do Big Bang eu estava lá, por isso trago em mim a inteira evolução da Terra. Também trago em mim os biliões de anos de evolução por vir. Sou o passado e o futuro. A nossa identidade não pode ser definida tão estreitamente como ao afirmar que sou inglês, indiano, cristão, muçulmano, hindu, budista, médico ou advogado. Estas identidades rajásicas são secundárias, de conveniência. A nossa identidade verdadeira ou sáttvica é cósmica, universal. Quando me torno consciente desta identidade primordial, sáttvica, posso ver então o meu verdadeiro lugar no universo e cada uma das minhas acções torna-se uma acção sáttvica, uma acção espiritual”

- Satish Kumar, Spiritual Compass, The Three Qualities of Life, Foxhole, Green Books, 2007, p.77.

“Um ser humano é parte do todo por nós chamado “universo”, uma parte limitada no tempo e no espaço. Nós experimentamo-nos, aos nossos pensamentos e sentimentos, como algo separado do resto – uma espécie de ilusão de óptica da nossa consciência. Esta ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e ao afecto por algumas pessoas que nos são mais próximas. A nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos desta prisão ampliando o nosso círculo de compreensão e de compaixão de modo a que abranja todas as criaturas vivas e o todo da Natureza na sua beleza”

- Einstein

“Na verdade, não estou seguro de que existo. Sou todos os escritores que li, todas as pessoas que encontrei, todas as mulheres que amei, todas as cidades que visitei”

- Jorge Luis Borges

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Declaração - Outro Portugal Existe


Não foi possível reunir e validar até hoje, 24 de Dezembro, as 7500 assinaturas necessárias para formalizar a minha candidatura-movimento Outro Portugal Existe à presidência da República em 2016. A minha decisão tardia, a escassez de recursos e muitos outros factores, externos e internos, contribuíram para isso. Entre eles destaco o total boicote da comunicação social e, facto inédito na minha longa vida de escritor com mais de 40 livros publicados, a recusa dos principais livreiros em aceitarem o livro com os manifestos e textos desta candidatura-movimento, Outro Portugal Existe. Estou-lhes profundamente grato, pois isto confirma que estou e estamos no bom caminho. Agradeço também, do fundo do coração, às personalidades que apoiaram oficialmente e às imensas pessoas que em todo o país assinaram, se voluntariaram para recolher assinaturas e enviaram mensagens de apoio incondicional. Eles mostram que realmente Outro Portugal Existe e que isso é o mais importante.

Se a formalização da candidatura não foi possível, o seu assumido objectivo principal, lançar o movimento informal e apartidário Outro Portugal Existe, foi conseguido. A candidatura era claramente apenas um meio para lançar este movimento e dar-lhe maior visibilidade. No decorrer deste processo e dos contactos havidos confirmou-se que existe um Portugal profundo que está bem mais vivo do que o decadente, moribundo e medíocre Portugal oficial dos governos e oposições, dos partidos, das corporações e dos lobbies de interesses que manipulam a comunicação social. É a esse Portugal profundo que o movimento OPE continuará a dar voz, contribuindo para uma ampla plataforma de pensamento e acção que desperte a sociedade civil para o exercício da cidadania fora da política convencional e dos quadros partidários. Importa aproximar todos aqueles que, nas mais diversas áreas, promovem alternativas éticas, saudáveis e sustentáveis que convergem para a mudança do paradigma e para a superação criativa da crise cultural e civilizacional em que nos encontramos.

O movimento OPE assume como novo desígnio para Portugal o Bem da Terra e de todos os seres vivos e continuará a introduzir no espaço público temas de vanguarda como a política da consciência e do coração, a necessidade de reinventar a democracia - pois a democracia representativa falhou e já não representa metade da população portuguesa, que se abstém ou vota branco e nulo por não se rever na partidocracia reinante - , uma economia solidária e sustentável alternativa ao mito do crescimento económico ilimitado, o Rendimento Básico Incondicional, o reconhecimento dos direitos intrínsecos da Natureza e de todos os seres vivos, pedagogias alternativas, a introdução da meditação nas escolas e nos cuidados de saúde, a autogestão local e regional e a soberania alimentar, o diálogo entre culturas, religiões e irreligiões, a espiritualidade laica no sentido do despertar fraterno e activo da consciência, entre muitos outros.

Os movimentos alternativos constituem hoje, em Portugal e em todo o mundo, o grande Movimento que rompe com os quadros da política convencional, partidária e eleitoral. As pessoas começam a descobrir que a mudança não vem por decreto e que não necessitam de depender de eleições, governos e partidos para serem e realizarem desde já nas suas vidas, de modo solidário e cooperativo, aquilo que de melhor querem ver no mundo. Outro Portugal Existe é a expressão entre nós deste movimento mundial rumo à reinvenção consciente, amorosa, compassiva e criativa da aventura humana na Terra. Há que fazer da Crise uma Festa.

Como disse Pessoa: É a Hora!

Saudações fraternas e votos de que este Natal seja o Nascimento do que há de mais precioso em todos e cada um de nós: a consciência de sermos irmãos do Cosmos, da Terra e de tudo quanto vive!

24 de Dezembro de 2015

Paulo Borges

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